As autoridades da segurança pública e o Governador do Rio de Janeiro precisam apresentar à população quais providências estão sendo tomadas para que as operações policiais nas favelas e periferias do Rio de Janeiro não resultem mais em mortes, afirmou hoje (9) a Anistia Internacional.
Ontem (8), Cristian Andrade, de 13 anos, jogava bola em Manguinhos quando uma operação da Polícia Civil, em conjunto com a Polícia Militar, começou. Houve troca de tiros. Ele foi atingido quando tentava se proteger e morreu na hora. De acordo com imagens divulgadas, os policiais da CORE não apresentavam nenhuma identificação nos uniformes e há relatos de que tentaram alterar a cena do crime, mas foram impedidos por moradores. Após a morte de Cristian, moradores se juntaram no local e a Polícia Civil disparou bombas de gás lacrimogêneo sem qualquer necessidade.
No mesmo dia, no Complexo da Maré, uma operação da Polícia Militar resultou em intenso tiroteio durante longos períodos. Uma mulher de 33 anos ficou ferida. O tiroteio impediu moradores de saírem de suas casas e crianças de irem à escola. Hoje, quarta (9) a situação continua tensa na Maré, após nova operação policial que deixou um menino de 16 anos morto e outros feridos. Devido à operação, o comércio fechou e outras atividades no local foram suspensas.
“As autoridades do Rio de Janeiro precisam dar um basta a este tipo de ação policial, que desrespeita e coloca em risco os moradores de áreas mais pobres da cidade. Precisamos de respostas claras do governador sobre o que está sendo feito para evitar que estas mortes se repitam quase diariamente, como acontece. A repressão ao crime não pode ser incompatível com a garantia do direito à vida e dos direitos humanos”, defende Atila Roque, diretor executivo da Anistia Internacional.
“O silêncio das autoridades sobre estes casos é inaceitável. Estas vidas não podem ser vistas como o ônus de uma guerra em que toda a sociedade sai perdendo, inclusive os agentes de segurança pública. Não podemos aceitar que pessoas continuem morrendo todos os dias sem despertar a indignação da sociedade e das autoridades. Todas as vidas perdidas são inestimáveis, sem exceções”, destaca Roque.
A Anistia Internacional lança esta semana uma ação urgente destinada ao governador Luiz Fernando Pezão e ao procurador geral do Ministério Público do Rio de Janeiro, Marfran Martins Vieira, pedindo investigação célere e imparcial das mortes e ferimentos causados aos moradores de Manguinhos e do Complexo da Maré; garantias de que as operações policiais sigam os princípios internacionais de uso da força e transparência; e garantias de mecanismos concretos de controle externo da atividade policial. A ação urgente poderá ser acessada no site anistia.org.br.
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