A Anistia Internacional Brasil presta sua solidariedade à jovem Maiara Oliveira da Silva de 20 anos, moradora do Complexo da Maré.  De acordo com as informações noticiadas pela imprensa, Maiara, grávida de cinco meses, foi baleada na barriga durante uma operação da Polícia Civil nas favelas do Complexo da Maré, realizada nesta terça-feira, 27/10. Maiara segue hospitalizada e seu estado é considerado grave.

A Anistia Internacional Brasil mais uma vez exige providências do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro no sentido de investigar as circunstâncias dessa violação de direitos humanos, bem como identificar, processar e responsabilizar os responsáveis pelo disparo que atingiu Maiara. Da mesma maneira, a Anistia Internacional Brasil exige do MP RJ explicações sobre a ausência de um promotor plantonista responsável por acompanhar a ação e receber as denúncias de violações de direitos humanos, ocorridas durante a ação policial, conforme determinado pelo STF. Cobramos também da Polícia Civil uma política de segurança baseada em inteligência, treinamento e investigação para que nenhum direito seja violado no cumprimento de seus deveres.

Junto dos movimentos sociais, organizações de direitos humanos, coletivos e moradores de favelas e periferias a Anistia Internacional expressa mais uma vez  seu pedido de basta de violência. É preciso pôr um fim a uma política segurança pública baseada no confronto, que inúmeras e repetidas vezes desrespeita os limites de uso da força pela polícia e consequentemente viola os direitos de moradores de favelas e periferias.

Moradores relataram diversas violações que ocorreram durante a ação da última terça-feira. Eles contaram ainda que tiveram suas casas invadidas por policiais sem mandados judiciais e foram submetidos a abordagens truculentas, houve destruição de carros e também intensos tiroteios. Além disso, os moradores relataram que as três clínicas da família do Complexo de favelas da Maré ficaram fechadas durante todo o dia.

A Anistia Internacional Brasil recorda que desde 5 de junho, as operações policiais estão suspensas nas favelas do Rio de Janeiro por determinação dos ministros do Supremo Tribunal Federal. De lá pra cá, os dados comprovaram uma redução em 74% no número de pessoas mortas pela polícia entre junho e agosto de 2020, em comparação com o mesmo período do ano passado, em que os homicídios decorrentes de intervenção policial caíram de 521 vidas perdidas para 134.