Os anseios pela liberdade de expressão têm sido ressaltados pelas revoltas da Primavera Árabe e pelas mobilizações e disputas que envolvem as novas tecnologias de informação – em 2012 a ONU passou a considerar o acesso à Internet como um direito humano. Mas a censura continua a ser um problema em vários países. Como chamar a atenção das pessoas para o tema, nesta nova era de ativismo online? Com este objetivo, a Anistia Internacional Brasil lança, em parceria com a agência de publicidade DM9Rio, o “Tweet Censurado”.

“Esta ação tem como objetivo principal chamar a atenção dos internautas, em particular das pessoas que utilizam as redes sociais, para a importância de poder se comunicar como quiser, sem restrições. Esta liberdade pode estar mais assegurada no Brasil, mas em muitos países pessoas ainda são perseguidas, muitas vezes presas e até executadas por expressarem suas ideias e convicções”, afirma o diretor executivo da Anistia Internacional Brasil, Atila Roque.

A defesa da liberdade de expressão está no berço de nascimento da Anistia Internacional. Foi após ler uma notícia de jornal que relatava a prisão de dois estudantes em Portugal por brindarem à liberdade em plena ditadura, que o advogado inglês Peter Benenson escreveu um artigo para um renomado jornal da Inglaterra convocando a todos que se indignassem junto com ele. E assim nasceu a Anistia Internacional, este movimento pelos direitos humanos que reúne hoje mais de 3 milhões de pessoas em cerca de 150 países.

O lançamento da ação coincide com a visita ao Brasil da blogueira cubana Yoani Sanchez, que desde 2008 não conseguia autorização para sair do país pelas críticas ao governo de Cuba publicadas em seu blog Generación Y. A Anistia Internacional acompanha a história de Yoani e em muitas situações fez apelos às autoridades cubanas e também às autoridades brasileiras para que intercedessem em favor da jovem.

O relatório do Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ), referente ao ano de 2012, informa que quatro jornalistas foram assassinados no Brasil neste período e o país ocupa a 11° posição no ranking relativo à impunidade nestes casos. Desde 1992, foram 24 homicídios de jornalistas relacionados ao exercício profissional que colocam o Brasil em terceiro lugar entre os países mais letais para a imprensa nas Américas, logo depois da Colômbia e do México, e em décimo primeiro no mundo, segundo o CPJ.

As ameaças sofridas por jornalistas, blogueiros e sindicalistas que defendem os direitos humanos foi tema de um dos capítulos do relatório Transformando a dor em esperança: defensores de direitos humanos nas Américas, da Anistia Internacional, lançado em dezembro do ano passado. O relatório mostra como a proteção da liberdade de ação destas pessoas não é apenas uma condição prévia para a defesa dos direitos humanos, mas algo essencial à sua profissão.

Entre os casos destacados está o da jornalista hondurenha Gilda Silvestrucci, apresentadora de um programa de rádio com foco em questões de direitos humanos, que passou a receber ameaças de morte em janeiro do ano passado. Em Honduras, entre março e abril de 2010, seis jornalistas foram mortos por agressores não identificados. No México, segundo a Comissão Nacional de Direitos Humanos, pelo menos nove jornalistas foram mortos em 2011 e dezenas foramatacados e intimidados.

O tema da liberdade de expressão também esteve presente na Maratona de Cartas realizada pela Anistia Internacional em 2012. Milhares de pessoas escreveram às autoridades chinesas pedindo a libertação de Gao Zhisheng, um dos mais respeitados advogados de direitos humanos da China. Saiba mais sobre o caso de Gao.

O “Tweet Censurado” trata-se de um mecanismo no qual pessoas poderão tuitar tarjas pretas de censura, como se os tweets delas estivessem sido proibidos – através do endereço www.tweetcensurado.com.br. Ao final do “tweet censurado” haverá um link sem identificação instigando os seguidores a clicarem e desvendarem a ação. E, também, um convite a participarem do movimento criando seus próprios “tweets censurados” automaticamente.

O conceito é: “Em muitos países, é isso que acontece com quem tenta se expressar”. A página do projeto existe em cinco diferentes línguas, além do português, e reconhece automaticamente o país de onde está sendo acessada.

Participe ! Divulgue ! Faça um tweet pela liberdade de expressão !