A notícia de que um juiz chileno está acusando 10 ex-oficiais militares pelo homicídio do cantor e ativista político Victor Jara, em 1973, além de sete outros que foram presos por queimarem até a morte Rodrigo Rojas, de 19 anos, machucando também Carmem Gloria, de 18 anos, em 1986, traz uma luz de esperança às dezenas de centenas de vítimas de violações de direitos humanos cometidas durante a ditadura brutal de Augusto Pinochet, afirma a Anistia Internacional.

Ana Piquer Romo, Diretora-executiva da Anistia Internacional Chile, disse que “Esses desdobramentos mostram que quando há vontade política, a justiça pode ser feita. As autoridades devem terminar com a longa espera por justiça das centenas de vítimas de desaparecimentos forçados e tortura, e suas famílias”. E acrescenta, “os perpetradores suspeitos da era Pinochet devem ser processados sem mais delongas”.

 “Esses movimentos históricos devem abrir um novo capítulo na justiça do Chile, e as autoridades devem garantir que não fique nenhuma pedra sobre pedra, até todas as vítimas e suas famílias tenham justiça e reparações a que têm direito”.

O ativista político e cantor de folk Victor Jara foi preso pelas forças militares chilenas e levado ao Estádio Nacional da capital, junto com centenas de outros, logo após Augusto Pinochet tomar o poder à força em 11 de setembro de 1973. Ele foi torturado, alvejado e morto no estádio.

Na quarta-feira, o juiz Miguel Vázquez acusou 10 ex-oficiais militares pelo sequestro e homicídio do cantor, e também do antigo policial militar Littré Quiroga Carvajal.

Em um caso separado, na terça-feira, o juiz Mario Carroza ordenou a prisão de 7 ex-oficiais militares com conexões à queima de dois manifestantes anti-Pinochet em 1986.

Durante as manifestações, soldados encharcaram de gasolina  e atearam fogo em Rodrigo Rojas, de 19 anos e Carmen Gloria Quintana, de 18. Rodrigo faleceu 4 dias depois e Carmen sobreviveu e vem lutando por justiça desde então.

Dezenas de centenas de pessoas foram detidas, torturadas, mortas ou sujeitas a desaparecimentos forçados durante a ditadura de Pinochet, entre 1973 e 1990.

Até agora, pelo menos 262 indivíduos foram condenados por violações de direitos humanos e há mais de 1,100 processos que datam da era de Pinochet no poder.