É urgente que se envie uma potente missão internacional à Ucrânia, onde aumenta a perseguição e intimidação de jornalistas, ativistas e manifestantes pacíficos, disse a Anistia Internacional.
A ONG pediu à Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) que estabeleça urgentemente uma forte missão de observação no país.
“Vigiar a situação dos direitos humanos na Crimeia se transformou em uma tarefa quase impossível. Os autoproclamados grupos de autodefesa da Crimeia perseguem com total impunidade os manifestantes pró-ucranianos, os jornalistas e os observadores de direitos humanos”, disse John Dalhuisen, diretor do Programa Regional para a Europa e Ásia Central da Anistia Internacional.
Ontem, os representantes da OSCE se viram obrigados a interromper sua visita à Crimeia devido a problemas de segurança. Por outro lado, pessoas não identificadas do exército impediram membros da organização de entrarem na península.
Em 5 de março, o enviado especial da ONU à Crimeia também se viu obrigado a encurtar sua visita. Poucas horas depois de chegar à Crimeia foi ameaçado por uma multidão agressiva que entoava lemas pró-Rússia e homens armados o obrigaram a voltar ao seu veículo e regressar ao aeroporto.
“A OSCE deve criar rapidamente uma potente missão de observação e dispor de acesso sem obstáculos a toda à Ucrânia, incluindo a Crimeia, que continua no fio da navalha e onde continua havendo grande tensão. A Rússia deve acolher positivamente esta iniciativa, não bloqueá-la”, disse John Dalhuisen.
Os manifestantes pacíficos que tentam expressar seu apoio à unidade da Ucrânia e sua oposição à presença militar russa na península da Crimeia são intimidados pelos ativistas pró-Rússia.
A polícia tem pouca ou nenhuma presença, e não intervém quando jornalistas e manifestantes são agredidos.
Também em 5 de março, uma centena de homens agressivos que se identificaram como pertencentes à Liga de Autodefesa da Crimeia obrigaram cerca de 40 mulheres a interromper o protesto pacífico no quartel general da Armada da Ucrânia na capital da Crimeia, Simferopol. As mulheres possuíam cartazes que pediam paz e denunciavam a intervenção militar da Rússia na Crimeia.
Os homens também atacaram um jornalista do “News of the Week – Crimeia” que tentava filmar o episódio, empurrando para fora e ameaçando espancá-lo.
Alguns agentes da polícia da Crimeia que se encontravam a aproximadamente 30 metros de distância presenciaram o incidente sem reagir.
Em outro episódio ocorrido em 6 de março, uma jornalista da Kerch FM foi ameaçada por homens que usavam uniforme de cossacos russos e outros da Liga de Autodefesa da Crimeia quando visitava outro colega na saída fronteiriça por Ferry que, segundo havia ouvido, havia sido ocupada por forças russas. Os homens lhe disseram “Apaga a câmera ou te matamos”.
A Anistia Internacional pede às autoridades de fato da Crimeia, às forças russas e às novas autoridades da Ucrânia que garantam que todos que tem interesse no futuro da Ucrânia e suas regiões possam expressar pacificamente seus pontos de vista.
Veja também, em inglês:
Ukraine: OSCE Monitoring Mission needed to calm tensions and prevent further human rights violations