Todos os envolvidos no conflito armado no Mali devem assegurar que os civis sejam protegidos, instou Anistia Internacional, enquanto continuam os ataques pelas forças da França.
Com apoio francês, o Exército do Mali lançou no dia 11 de janeiro uma contra-ofensiva contra os grupos armados islâmicos para impedir a captura das cidades do sul do país.
“Há preocupações que os combates levem a ataques indiscriminados ou outras práticas ilegais em áreas onde os membros dos grupos islâmicos e os civis estão muito misturados”, disse Paule Rigaude, vice-diretora para África da Anistia Internacional.
“Forças envolvidas em ataques armados devem evitar a todo custo bombardeios indiscriminado, e fazer o máximo para prevenir baixas entre civis.”
No dia 14 de janeiro a cidade de Diabaly, 400Km ao norte da capital Bamako, foi capturada por grupos armados islâmicos.
Numa destacada intensificação da intervenção, o Exército francês bombardeou posições em Gao e Kidal, no norte, no dia 13 de janeiro. Há relatos de que pelo menos seis civis foram mortos durante a luta pelo controle da cidade de Konna nos dias 11 e 12 de janeiro.
“A comunidade internacional tem a responsabilidade em prevenir um surto de abusos durante a nova fase do conflito”, afirmou Rigaud.
A Anistia Internacional exorta a comunidade internacional a apoiar o envio imediato de monitores de direitos humanos, com atenção particular para o uso de crianças como soldados, acompanhamento de direitos das crianças e de gênero, e proteção de civis.
Relatos indicam que os grupos islâmicos têm usado crianças como soldados e que algumas delas tem sido feridas e possivelmente mortas no conflito.
A Anistia Internacional insta as forças francesas no Mali a dar o máximo de aviso possível aos civis sobre seus avanços, e convoca os grupos armados a não colocar alvos militares próximos a áreas civis. As forças armadas têm a obrigação, pelo direito internacional humanitário, em tomar todas as medidas necessárias para minimizar o dano aos civis.
A organização também convoca os grupos armados islâmicos a não ferir nenhum dos 13 reféns mantidos em seu poder, entre eles seis cidadãos franceses e quatro argelinos.
Desde que os grupos islâmicos conquistaram o controle do norte do Mali em abril de 2012, cometeram graves e disseminados abusos de direitos humanos , como amputações, chibatadas e morte por apedrejamento para aqueles que se opõem a sua interpretação do Islã.
A pedido do governo do Mali, a França enviou ao país desde o dia 11 de janeiro cerca de 550 soldados na “Operação Serval”.
No dia 20 de dezembro de 2012, o Conselho de Segurança da ONU autorizou uma força liderada por africanos a “usar todos os meios necessários” para retomar o norte do Mali de “grupos armados, extremistas e terroristas”. Tropas de diversos países do Oeste da África, incluindo Nigéria e Niger, estão prestes a serem enviadas.